Bangdadesh - Os frutos da perseverança

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24 de junho de 2019
FAO – Tradução livre: Terra Viva

Leite/Bangladesh – Investimento em mulheres empresárias melhoram as condições de vida em Bangladesh. Renu Bala é uma das milhares de camponesas de Bangladesh que se beneficaram com os programas de investimento agrícola apoiados pela FAO, com recursos do Programa Mundial de Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP, sua sigla em inglês). ©FAO/Mohammad Rakibul Hasan.



Portas fechadas é algo que Renu Bala conhece bem. Primeiro foram os vizinhos em Panjor Bhanga, sua aldeia natal ao norte de Bangladesh. Ela tinha uma ideia para propor: Formar uma cooperativa de leite.

Não tinham muito a perder. “As mulheres do povoado são muito pobres e criam somente vacas da raça local, deshi”, explica Renu. “Pensei que poderíamos começar um negócio de produtos lácteos e incentivar outras mulheres a se unirem. Uma vez conscientizadas, poderiam ter retornos”.

Em Pajor Bhanga, conseguir viver da agricultura é cada vez mais difícil, já que as frequentes inundações alagam terras de cultivo e estradas. Bangladesh é um dos países mais ameaçados pelos efeitos das mudanças climáticas.

Com esta ideia na cabeça, Renu Bala foi de casa em casa e propôs seu plano. A maioria das mulheres e seus maridos eram céticos de início.

“De um modo geral, as mulheres da aldeia são muito tímidas. Por isso é muito difícil reuni-las”, disse. “No início pensavam que estávamos traficando com mulheres”.

Mas no final conseguiu convencê-las. Em 2011, 15 mulheres se uniram na formação da Cooperativa de Laticínios Feminina Panjor Bhanga. Seu próximo desafio: encontrar uma forma de comprar vacas de alto rendimento, especialmente quando nenhuma das mulheres tinha garantia suficiente para empréstimo bancário.

Renu Bala e seu esposo contabilizam os recibos diários da venda de leite da Cooperativa de Laticínios Feminina Panjor Bhanga. ©FAO/Mohammad Rakibul Hasan

Em 2014, Renu Bala participou do programa de capacitação da Organização Mundial para Alimentação e Agricultura (FAO) onde tomou conhecimento de uma linha de crédito especial de Bangladesh que concede empréstimos a pequenas empresas de laticínios com baixos juros e prazos longos de amortização.

Mas, primeiro teria que encontrar um banco que trabalhasse com essa linha de crédito. Sua habilidade em abrir portas e sua perseverança foram novamente úteis. Depois de muita procura, Renu Bala, através da FAO, conseguiu o empréstimo de um banco local.

Com dinheiro, a cooperativa de 15 membros pode comprar vacas friesians de alto rendimento. Com a venda de suas primeiras bezerras pagaram o empréstimo e obtiveram um novo em outro banco. Nesse momento, a cooperativa havia duplicado o número de membros.

Renu Bala foi uma das mais de 5.500 agricultores, funcionários do governo e técnicos agrícolas que participaram do programa de capacitação da FAO. ©FAO/Mohammad Rakibul Hasan

Com as vacas friesians, a produção de leite aumentou de 2 litros diários por vaca, para mais de 10 litros. A cooperativa começou vender leite de alta qualidade a confeitarias locais e indústrias de laticínios, gerando renda preciosa para as mulheres e poupança coletiva para futuros investimentos.

Renu Bala obteve também reconhecimento nacional por seu trabalho. Em 2016, o Primeiro Ministro de Bangladesh concedeu o Prêmio Agrícola Nacional por estabeler e dirigir a cooperativa.

O êxito da cooperativa facilitou a vida das mulheres e lhes deu uma nova sensação de otimismo. “Este negócio de leite é muito bom para mim e para outras mulheres, porque podemos torná-lo compatível com outras tarefas domésticas”, disse Renu Bala. “Por isso gosto, realmente, dessa atividade. Agora podemos ganhar dinheiro em casa”.

O apoio às mulheres empresárias como Renu Bala e a Cooperativa de Laticínios Feminina de Panjor Bhanga continuará através do Missing Middle Initiative (MMI), (Iniciativa do Meio Vazio), em Bangladesh, também financiada pelo Programa Mundial de Agricultura e Segurança Alimentar (FAGSP, por sua sigla em inglês). O MMI ajudará a 50 organizações de agricultores de todo o país a melhorar o acesso a financiamentos, tecnologias, cadeias de valor e mercado.

A história de Renu Bala é uma das muitas

A FAO conta com mais de quatro décadas de experiência apoiando políticas de investimento, programas de capacitação em Bangladesh, incluindo o trabalho com organização de agricultores. A evidência é clara; países, como Bangladesh, que investiram consistentemente na agricultura, conseguiram maiores benefícios, aumentando fontes de renda, e, ao mesmo tempo reduzem a fome e a desnutrição.